Tuesday, May 3, 2011

Trabalhos de campo


Acho que em todas as áreas de estudo existe a necessidade de estudos/trabalhos de campo. Então pensei em escrever no blog um pouco sobre isso, focando, obviamente, a minha área.

De acordo com a Wikipedia o trabalho de campo “constitui parte de um experimento científico. É uma atividade realizada por pesquisadores na natureza ou no local onde o fenômeno estudado ocorre naturalmente. Engloba a coleta e/ou registro de dados, caracteres, informações relativas ao fenômeno ou objeto de estudo.”

Antes do trabalho de campo ser realizado é necessário um planejamento. Esse planejamento engloba vários aspectos do trabalho: custos, quantidade de pessoas, logística, tempo necessário, sequência das atividades, material necessário, segurança, tratamento dos dados, entre outros. Vejam que às vezes é até necessário verificar a previsão do tempo antes.

Para efeito de planejamento, eu faria uma primeira divisão de tipos de trabalho de campo em trabalhos de campo em áreas urbanas e rurais. Por exemplo, se o propósito é um levantamento em área urbana (aplicação de questionários, levantamento topográfico, registro de fotos, entre outros) será muito importante levar em conta no planejamento o aspecto segurança. Já em um levantamento em área rural é muito mais importante o aspecto logístico.

As imagens abaixo foram um trabalho de campo em uma bacia experimental para levantamento da seção de um riacho para estimativa de sua vazão e coleta de dados para o estudo de sedimentologia em outro riacho da mesma bacia. Trabalho típico de quem estudou escoamento a superfície livre no mestrado.

Levantamento da seção.
Anotações de campo: dados para traço da seção.
Eu e o cronômetro: medindo o tempo do fluxo superficial da água, no meio da seção do rio.

Seção de um riacho onde existe uma estação fluviométrica e também são coletados dados para estudos de sedimentologia. Na segunda foto os sedimentos estão sendo retirados para medição e na terceira os dados de vazão estão sendo observados.

As imagens abaixo foram de um trabalho de campo que participei em uma zona rural do agreste Pernambucano. Pode ser verificado que o acesso não era muito bom e foi preciso que para alguns deles fosse utilizada uma Land Rover, que, por sinal, teve problemas no motor.




Essas outras imagens abaixo foram de um trabalho de entrevista de campo e medição de casas na zona rural de São João do Cariri, Paraíba. Esse tipo de trabalho é simples, mas tem que haver jogo de cintura, pois você vai querer obter informações das pessoas, entrar na casa delas, tirar fotos, fazer medições e, sob nenhum hipótese, pode recusar aquele “cafezinho, bolo e queijo” que te oferecem. Existem técnicas específicas para coleta de dados desse tipo, onde você extrai a informação da fala das pessoas, é bom sempre estar atento. Nas imagens pode-se perceber que as pessoas são simples e que devemos ser gentis para não levarmos um tiro :)





Abaixo está uma sequência de fotos: trabalhos de campo com meu grande amigo Marcelo Wallau (UFRGS) em fazendas no noroeste do Texas, no período que trabalhei no ICASALS/Texas Tech University; e trabalhos de campo sobre inovações na agricultura no sertão Pernambucano, realizado com um grupo de estudantes do MIT e uma ONG local. Vejam que no Texas eu não tive problemas de transporte, estávamos com uma daqueles monstros de 4 rodas pertencente a um dos fazendeiros (o primeiro da terceira foto). No trabalho de campo com o MIT nós dormimos 3 noites em campo e, depois, fui convidado a relatar minha experiência no blog da turma deles, pode ser visto em: http://mitsloanblog.typepad.com/springtrip2010/2010/04/collective-identity.html

Eu dando uma de cowboy moderno.

Wade Davis (dono da propriedade), Marcelo Wallau (UFRGS) e eu.
Shayna Harris (MIT) e eu.
Eu com parte do grupo do MIT.
As fotos seguintes são referentes a um trabalho de campo que tinha como objetivo o treinamento de estudantes locais para a coleta de dados. Na primeira foto estávamos em uma estação meteorológica e na segunda em uma fonte de água para avaliar a sua qualidade física e química. Esse trabalho é muito cansativo, pois é uma aula no campo e que, nesse caso, as atividades tiveram que ser colocadas em prática. Então é necessário ter um roteiro didático e prático, que deve ser seguido sob sol ou chuva.


Minha amiga Iara (trabalhando atualmente em Cabo Verde) preparando o material para análises.
As imagens abaixo foram referentes ao acompanhamento da construção de cisternas em comunidades rurais na Paraíba e posterior experimentos para análise da eficiência dos sistemas e da qualidade da água. Na primeira foto estou com Ismael, um excelente técnico em hidráulica e hidrologia da UFCG, e nas últimas quatro fotos mostra um pouco da preparação do experimento e do material para coleta de amostras de água. Todos os trabalhos de campo que envolvem análises de água tem que serem guiados com muito cuidado e, caso as amostras não sejam analisadas em campo, precisam ser transportadas sob específicas condições até o laboratório (por exemplo: cobertas de gelo dentro de um isopor).







Bem, essas últimas fotos foram tiradas em uma oficina de educação ambiental em uma escola primária de uma comunidade rural. Vejam que eu tentei utilizar o projetor multimídia, mas as paredes e iluminação do ambiente não foram favoráveis (coisas que deviam ter sido avaliadas antes) e tive que fazer uma apresentação baseada somente em um discurso. Nesse tipo de comunicação tem que haver o cuidado de ser falada a língua que as pessoas utilizam no cotidiano desses lugares. Por isso, é muito importante que as pessoas que executam atividades de educação ambiental no campo também participem de atividades de campo de outras naturezas antes de realizar oficinas assim.



Pois é, eu sei que ficou faltando comentários sobre trabalhos de campo na cidade. Mas dessa vez tentei elaborar os comentários baseados em fotos, e no caso dos trabalhos realizados em áreas urbanas eu não tinha nenhuma foto. Minha experiência nesse meio se restringe a obras civis e levantamentos topográficos.